segunda-feira, 25 de julho de 2011

Clima nos EUA sustenta preços » Notícia » Portal do Agronegócio

A safra 2011/12, aberta oficialmente neste mês no Brasil, começa embalada por uma arrancada do mercado internacional de grãos. Nas últimas duas semanas, os preços da soja e do milho subiram, respectivamente, 6% e 8% na Bolsa de Chicago e, apesar de terem registrado pequena queda ontem (20), devem continuar fortalecidos nas próximas semanas. É que a partir de agora a safra norte-americana entra em sua fase decisiva e o clima não anda colaborando com as lavouras.

Depois de enfrentar dificuldades durante o plantio por causa do excesso de chuvas, soja e milho agora sofrem com altas temperaturas nos Estados Unidos. A onda de calor chega exatamente no período mais crítico para a definição da safra norte-americana, o reprodutivo, que se estender até meados de agosto.

“Em tempos de estoques apertados, o mercado está mais preocupado com o clima do que nunca. 85% dos grãos produzidos no mundo vêm do Hemisfério Norte e uma quebra de 10% na safra dos EUA poderia facilmente levar a soja US$ 15 ou US$ 16 o bushel em Chicago”, afirma Fernando Pimentel, analista da Agrosecurity, ressaltando que por enquanto ainda não há registro de perdas.

Os prognósticos climáticos, contudo, são preocupantes. Alguns modelos meteorológicos indicam que os termômetros podem chegar a 38°C no cinturão de produção de grãos nas próximas semanas. Segundo analistas norte-americanos, um terço das lavouras do Meio-Oeste, região que concentra a maior parte da produção de soja e milho do país, estaria suscetível a perdas climáticas.

A situação mais crítica é a do milho, que precisa de temperaturas mais amenas à noite para desenvolver todo o seu potencial produtivo, explica Jack Scoville, analista da Price Futures, de Chicago. “30°C à noite é muito ruim para o cereal. Foi isso que comprometeu o resultado da safra em 1995 e há grandes possibilidades que isso ocorrra novamente neste ano”, prevê.

Estudo divulgado pela Universidade de Illinois nesta semana comprova que o desempenho do milho é altamente afetado pelas altas temperaturas nesta época do ano. O levantamento revela que, nos últimos 35 anos, toda vez que os termômetros ultrapassaram a marca dos 25°C no mês de julho (média mensal), o rendimento das lavouras ficou abaixo da média histórica.

O que tudo isso significa para o produtor brasileiro? “Significa que a sorte está lançada e que o mercado internacional terá muita volatilidade até setembro, o que pode ser bom para o produtor que estiver ligado e souber aproveitar as oportunidades de venda”, explica Pimentel.

Neste momento, incertezas econômicas estão impedindo altas maiores, mas o momento é bom, afirma Steve Cachia, analista da Cerealpar em Malta, na Europa. “Hoje tem reunião dos lideres da zona do Euro e, dependendo do resultado, pode tirar um pouco dessa pressão sobre o mercado. Para o produtor brasileiro, a dica é fazer as contas, calcular seus custos e participar do mercado nos momentos de alta”, recomenda.

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